Pesquisa na França mostra que cães detectam câncer de mama com 100% de precisão

Um novo procedimento acaba de ser testado na França na detecção precoce de tumores cancerosos e a grande curiosidade do novo protocolo é a mecânica da pesquisa, colocada em prática e aprovada pelo Instituto Curie: o câncer é detectado a partir do olfato de cães, cerca de mil vezes mais apurado que o dos humanos. A taxa de acerto, que deixou os especialistas da Academia de Medicina da França estupefatos, é de 100%.

Os animais, treinados por uma equipe multidisciplinar, cheiram pedaços de tecido com suor de pacientes durante o processo. Os cães Thor e Nikios, da raça pastor-belga, foram treinados especialmente pelo Instituto Curie, e os resultados anunciados são, no mínimo, impressionantes: 100% de eficácia na detecção de câncer de mama, num teste realizado com 130 pacientes voluntárias. O protocolo KDOG, como é conhecido, nasceu duma parceria entre as pesquisas de uma ex-enfermeira sobre o cheiro de tumores cancerosos e o trabalho de um adestrador de cães especializados em achar explosivos.

Thor e Nikios, da raça pastor-belga, foram treinados especialmente pelo Instituto Curie. “O objetivo do projeto KDOG era um desafio, que consistia em responder a duas questões. A primeira, se o câncer tem um cheiro específico, e a segunda, se os componentes voláteis do tumor seriam capazes de transpor a barreira cutânea e, portanto, se eles poderiam ser detectados precocemente desta forma. Nós conseguimos responder positivamente a estas duas questões porque, no projeto KDOG, as pacientes ficavam com uma pequena toalha debaixo do seio a noite inteira”, conta Aurélie Thuleau, bióloga responsável pelo novo protocolo no Instituto Curie.

Tecnologia do “nariz eletrônico” perde para olfato canino

“Sabemos que a detecção através da pele funciona. Isso é uma grande vitória, porque o objetivo de KDOG agora é se dirigir a tipos de cânceres que encontram mais dificuldade em serem detectados precocemente, como o câncer de ovário. Quando tivermos feito os estudos clínicos para validar o protocolo com o câncer de mama, nós nos dirigiremos ao câncer de ovário”, afirma a bióloga.

Segundo Aurélie, trata-se de um protocolo médico extremamente confiável, barato e não invasivo: “um dos grandes benefícios do projeto KDOG será, com certeza, poder exportar esse protocolo para países mais pobres, onde a população tem pouco ou nenhum acesso a scanners e outros serviços de diagnóstico médico por meio de imagens. É um método não invasivo, menos doloroso, é mais facilmente exportável para outras regiões ou países”, analisa.

Segundo Aurélie Thuleau, o grande trunfo é o poderoso olfato dos cães. “Muitas empresas tentam realizar a detecção eletrônica dos odores, o chamado ‘nariz eletrônico’. Não é muito eficaz, eles detectam apenas sobre um, dois, três ou quatro componentes voláteis. Nós sabemos que o nariz do cachorro é mil vezes mais poderoso do que o do homem, mesmo com quantidades mínimas de amostras, e nós descobrimos que, na verdade, o cachorro é capaz de detectar um conjunto de componentes voláteis. O ‘nariz eletrônico’ é uma técnica que continuará a ser utilizada, mas em matéria de detecção precoce do câncer o cachorro é muito superior à tecnologia”.

O diferencial do protocolo KDOG: aberto para a população em 2020

“Os Estados Unidos são extremamente precursores nesta técnica porque eles conseguem detectar o câncer de próstata com 98% de eficácia. A diferença com o projeto KDOG é que no caso deles, os cães cheiram diretamente a urina, no caso de câncer de próstata, ou o hálito dos pacientes, no caso de câncer do pulmão”, explica Thuleau.

“Vários países começam a se interessar por este método de detecção precoce. A diferença com o projeto KDOG é que não existe contato entre cães e pacientes, você com certeza não verá os cachorros nos corredores do hospital cheirando os seios de nossas pacientes”.

Os resultados dos primeiros seis meses de pesquisa com os cães foram apresentados pelo Instituto Curie na Academia Nacional de Medicina da França e receberam o apoio necessário para continuar os teste clínicos pelos próximos três anos. O método deverá estar disponível para toda a população francesa a partir de 2020.

Fonte: https://www.rfi.fr/

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